Mas o efeito só ocorreu em ratinhos sem um tipo particular de receptor
de dopamina, um produto químico com um papel fundamental na fixação do
humor. O estudo, realizado no Departamento Americano de Brookhaven,
forneceu novas evidências de que esses receptores de dopamina,
chamados de DRD2, podem desempenhar um papel protetor contra o álcool.
O co-autor do estudo, o neurocientista Peter Thanos, disse: “Este
estudo mostra e nos ajuda a compreender melhor o papel da
variabilidade genética no alcoolismo, induzindo danos cerebrais
provocados pelo álcool em pessoas, apontando métodos de prevenção e
estratégias de tratamento”.
O estudo explorou especificamente como o consumo de álcool afeta o
volume do cérebro – o cérebro como um todo, bem como suas partes – em
camundongos normais e uma linhagem de camundongos que não possuíam o
gene para os receptores de dopamina D2. Metade do grupo bebeu água
comum, enquanto a outra metade bebeu uma solução de etanol a 20%,
durante seis meses.
Em seguida, os cientistas realizaram exames de ressonância magnética em
todos os ratos e compararam com imagens de pessoas que bebem álcool,
bem como pessoas que não consomem bebidas alcoólicas.
Os exames mostraram que o consumo crônico de álcool induziu a
deterioração cerebral de todo o cérebro, de modo significativo,
encolhendo o córtex cerebral dos ratos que não continham os receptores
de dopamina D2, mas não em ratos normais com níveis adequados de
dopamina.
“Este
padrão de danos cerebrais imita um único aspecto da patologia
cerebral observada em alcoólicos humanos, de modo que esta pesquisa
estende-se a validação da utilização de ratos como base ou modelo para
estudo do alcoolismo humano”, comentou Thanos.
Nos seres humanos, estas regiões são criticamente importantes para o
processamento da voz, informações sensoriais, formação de memória de
longo prazo, dentro outros. Portanto, esta pesquisa ajuda a explicar
por que os danos do álcool podem ser difundidos e prejudiciais.
“O
fato de que os ratos que não continham receptores de dopamina D2
tiveram danos cerebrais, pode sugerir que a dopamina se comporte como
protetora contra a atrofia cerebral em pessoas que se expõem ao álcool”, conclui Thanos.