Enquanto as secretarias de educação e o MEC anunciam compras de
tablets para uso em sala de aula, as editoras se organizam para disputar
o mercado de material didático para esse tipo de suporte.
Os conteúdos
digitais já foram incluídos no Programa Nacional do Livro Didático para
2014 (PNDL 2014). Até 1º de maio
deste ano, as editoras devem pré-inscrever suas obras didáticas e, de
forma complementar, objetos educacionais digitais a serem distribuídos
junto com as obras impressas.
Antes da abertura desse edital, foi notícia no ano passado
que sete grandes editoras brasileiras estudam adaptar conteúdos
didáticos para tablets. A lucratividade do negócio ainda é uma
incógnita, segundo a matéria do Brasil Econômico, pois os livros
gerariam mais lucro para essas empresas do que os conteúdos digitais.
Mas outras empresas faturarão com a mudança, as de Tecnologias da
Informação. “Por trás de toda e qualquer compra estatal, não só
equipamentos, livros, alimentos, uniforme, construções escolares, toda e
qualquer tem sempre interesses e jogos. Por trás dos tablets,
alimentos, livros, etc, tem empresas que querem a realização dos seus
lucros”, afirmou o professor Rubens Barbosa, professor da Faculdade de
Educação da USP, que estuda financiamento da educação.
Michelle Prazeres, também da FE-USP, acredita que é um problema o
Estado comprar tecnologia por meio de parcerias público privadas (PPPs).
Nesta semana, foi notícia que o secretário de educação de São Paulo –
Herman Voorwald – anunciou uma PPP de 5,5 bilhões para investimento que
inlcui compra de tablets.
“Quando você pega parceria com empresas de comunicação, por exemplo,
elas não estão só oferecendo tecnologia, elas estão formando
consumidores para os produtos dela”, problematizou Michelle, sobre uma
das consequências de tais parcerias. “Porque você vai usar Microsoft ao
invés de software livre? Essas tecnologias não são neutras”.
O professor Rubens também é contra PPP’s, algo que sintetizou como transferência de recurso público para o setor privado.
Fala educadora!
Anne Maiztegui Rossini, professora de educação infantil e estudante
de Pedagogia, avalia que o tablet não é a melhor opção para preparação
de material pedagógico e uso em sala de aula – ela prefere usar um
notebook para atividades de ensino. Também formada em desenvolvimento de
software, ela elenca uma série de desvantagens do tablet para esse fim.
“Ele é interessante para usar a internet, em viagens, porque é
portátil. Mas para a sala de aula, não usaria. Muitos desses aparelhos
não possuem saída para projetor e não têm opção de leitura de CDs e
DVDs, fazendo com que o professor tenha que ter um computador para
passar o conteúdo para o tablet”. Além disso, lembra, dependendo da
qualidade da marca escolhida, ele pode deixar de funcionar em pouco
tempo.
Fonte: Observatório da Educação